quarta-feira, 13 de abril de 2011

"Humano: Ser Indefinido"


"Ei você, venha aqui

como podes me definir ?

eu ainda vivo

vivo eu estou aqui

como podes me limitar a descrever-me ?

no dia seguinte eu saberei

e serei mais do que neste

a vivencia me faz continuar

ter idéias, defini-las, mudar


não sou um gatinho que mia... mia...

mas eu...

chegue mais perto, falerei bem baixinho

posso imitá-lo sabia ?


hoje posso acordar minha alma

que ontem dormia

mas tenho certeza...

amanha é outro dia


hoje sou poeta

hoje escrevo poesia

mas posso ser pedreiro

unir tijolo todo dia


hoje faço um verso

hoje monto uma estrofe

mas posso cozinhar

e até fazer estrogonofe


não sou um radinho de pilha

daqueles que xia... xia...

mas eu...

chegue mais perto, falarei bem baixinho

posso imita-lo sabia ?


hoje eu sou o eu de hoje

ontem fui o eu de ontem

mas, minha lei é positiva

como a de Augusto Comte


Nem eu posso me definir

Como podes você fazer assim ?

Sou um ser indefinitivo

Definido apenas

Por ser indefinido


hoje posso acordar minha alma

que ontem dormia

mas tenho certeza...

amanha é outro dia."


By Andrews Fernandes

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Minha Bailarina"

"Se eu pudesse todos os meus desejos
realizar 
Lhe botava dentro de uma caixinha 
a flutuar
Uma linda musica 
pra tocar
E você
Eu faria girar e girar"


By  Andrews Fernandes

"Amor Sempre Aos Pés"

"Amor é como sapato, quando você usa nunca está realmente pisando no chão"

By Andrews Fernandes

segunda-feira, 28 de março de 2011

“Insucessiva Criação”


 Essa noite é mais escura que todas as outras penso eu. Essa noite é menos estrelada que todas as outras digo eu. Nenhuma lâmpada paira sobre minha cabeça, nada esclarece a escuridão mental que vivo nesse momento. A perplexidade me consome lentamente, lentamente. Apenas sentado em frente essa maquina de escrever com um papel nela escrito apenas um titulo, com o caderno velho do lado e minha caneta preta quase acabando a tinta, caderno rabiscado, incompleto, incongruente, “no sense”. A cada segundo que passa pior torna meu tormento, apenas parado e nem tomar a xícara de café que seguro eu tento, mas pudera, já tomei tantas e tantas essa noite, mas não consigo soltara, o modo como balançara fazendo pequenos círculos em volta do nada me relaxa, esse efeito me torna plausível, não deixa me tomar-me de conta o tormento. Mesmo nenhum tique, nem uma técnica relaxante me faz queimar os neurônios, me deixar eufórico, que me faça dizer “Eureca” como em tantas vezes.
 O frio da noite começa a tomar conta de mim, o café não me aquece mais, mesmo eu tomando bastante daquela água quente, preta e insonolenta. A luz do abajur parece estar se apagando cada vez mais e com nenhuma chance de acender a ponto de me cegar. Meu agasalho está velho, hoje em dia ele não é tão quente como era anos atrás, mas é meu único e favorito. Eu já estou velho. Me pergunto porque gosto tanto de criar em pouca luz, mesmo eu sabendo a resposta, ou melhor, as respostas.
 Olho pela janela do quarto, a lua está um perfeito redondo, um bola de cristal gigante e brilhante com um santo montado em um cavalo, talvez, desenhado no meio. O simples barulho do silêncio lá fora a planar parece me chamar. Deixo a xícara que minha mãe me dera de presente de formatura, que a mesma teria ganhado de sua mãe, a mesma que segurara por horas em cima da mesinha do abajur, como sempre. Era linda aquela mesinha de madeira desenhada e feita por meu amigo Cristian que sempre e carinhosamente me chamava do “Domzinho”.
 Levanto e vou indo em pequeno passos em direção a varanda, sempre em contagem das vezes que toco no chão com cada pé. Começo a observar tudo, o luar, as estrelas que não tem no céu, a noite infinitamente escura, o grililar dos grilos a tocar que a pouco não ouvistes, e as folhas cantando sua sinfonia folheal. Penso em como ficar na solidez da solidão nesse casarão, ficar na solidez da falta de inspiração, pois sobre tudo que me rodeia eu já escrevi. Até mesmo sobre Izza e o monstrinho invisível que atormentava o pequeno Doug, que Deus o tenha e que ele esteja em paz no céu canino.
 Será se amanha receberei uma carta de Izza ?, Penso eu como em todos os dias. Nunca havia ficado tanto tempo longe de minha “Irmãzita”. Rezo que para que as coisas para ela dêem mais certo muito mais que para mim como diplomata. Mas não vejo com bons olhos essas viagens longas, devem ser porque elas me doem, já que ela é a única pessoa que tenho. Uma irmã mais nova que cuida do seu irmão quase idoso, que não tem mais uma esposa e nem pode ter filhos.
 Meu Destino parece ser mesmo a solidão, e minha única fonte de vida e companhia é a criação, e nem isso eu tenho mais. Decido sair da varanda, tiro a mão direita do apoio e dou um passo pra traz com a perna esquerda, o resto é naturalmente. Ando pelo quarto, de lado pro outro, minha face reproduz a minha fonte de idéia, nada.
Caminhando pelo quarto vou abrindo as portas e gavetas, uma a uma, cada a cada do guarda roupa, cômoda, ou qualquer coisa que pudesse se abrir por ali. Não me deparo com nada, nenhuma inspiração, tudo vago, tudo vazio. Eu sequei?, Estou vazio ?, Minha mente está um vácuo onde não implanto som, imagem, poesia, nada?, Grito eu, sussurrando.
Aumenta a profundeza de meu bloqueio, meu cabelo arrepia de tanto me debater, meus dedos estão sangrando de tanto eu morder e roer minhas unhas, minha cama está bagunçada e quase quebrada de tanto eu pular e tentar libertar-me. Lembro me de minha primeira obra “Saint Amélie” e de quanto me felicitou o amor pela vida que consegui reproduzir, através daquela virgem inocente que só queria viver do amor e ajudando os outros, sem ter prisões pela Terra onde pisara. Lembro de “Juizo cego” e de que a cegueira do meu personagem era apenas metáfora para o modo como todos nós enfrentamos obstáculos na vida para amadurecer, evoluir e minha critica a sociedade fútil que vive a olhar tudo ao nosso redor, a natureza, as pessoas e fazer um juízo precipitado de tudo, vendo apenas a faceta exterior, apenas a primeira vista e não buscando a segunda, não buscando a profundeza no coração de tudo, sem procurar a verdadeira razão por trás de tudo, a real verdade por trás de cada mentira.
Estou no chão completamente, acolhido, desiludido, em busca de uma ilusão real. Começo a lacrimejar perdidamente, gritar, rastejar, a me debater e bater o chão, as lagrimas descem meu rosto de fracasso e desgosto, sinto minha limitação, humilhação. Minhas lagrimas vão tocando o chão como se por lavar os passos que já dei e apagar-los completamente do meu caminho traçado. Eu grito “Não”. E Clamo a Deus, “Por favor Pai, dei me criação”.
Amanheces-te o dia. Abro os olhos e vejo que dormi no chão, com roupas rasgadas, sinto meu corpo dolorido, garganta doendo e minha voz rouca, e do meu lado um papel. Pego o devagar e despretensiosamente, está escrito o titulo “Insucessiva criação”. Está completo, e escrito em uma... e sobre... uma noite recente, estranha, controversa e...  Mal dormida.

By Andrews Fernandes

sábado, 26 de março de 2011

"Som da despedida"


Eu a vi partir, e não pude fazer nada. Não podia fazer nada, mas nem tentei. Isso que me dói. vi ela sumir no horizonte, como um sol se perdendo sob a noite e o azul das águas. Meu coração não agüentou a mudança de maré, logo se refleti nos meus olhos. A dor por fraquejar e a dor por aceitar a dor, isso refletia nas águas claras descidas de meu rosto pálido no chão. Ouvi no som do silencio a nossa musica de despedida, dizia "sem glorias, sem heróis no céu". Não consegui parar de olhá-la, não consegui fechar meus olhos, meu coração não permitiu um segundo sem a imagem da pessoa que eu amava partir, ele não quis sentir a dor de apenas ver que ela não está mais lá.

Aqui estou, preferi ficar ajoelhado nas areias da praia da solidão, ouvir as ondas chegar e me derrubarem sobre as areias, e me debruçar, chegar a tocar meus dedos sujos de terra, sangrando de tanto tentar por pra fora tudo o que se fundia dentro de mim. 

O dia amanheci, me vi mais de longe, como se estivesse em cima de mim próprio, me distanciando. Meus olhos giram ao meu redor, mostram a minha atuação de dor. Minha respiração se ofega e me sufoca nas lagrimas, sozinho naquela imensidão de mundo sem o sentimento mais lindo que podi ter me vindo até hoje.

Nesse momento, vontade tenho de me tornar as ondas. Assim posso navegar até ela, posso banhá-la, e continuar vivendo pairando o mundo pra onde ela for, posso estar no corpo dela me tornando todas as águas, tocar a sua boca todos os dias, acariciar seu rosto, sentir o cheiro do seu cabelo, navegar pelos seus seios perfeitamente arredondados e seu pescoço deliciosamente desenhado que tanto adorava beijar, pelo seu abdomem com aquela leve curva rasa que tanto adorava morder suavemente, pelas suas curvas da cintura pra baixo, flutuando pelas partes mais intimas e saborosas do qual meu corpo tanto ama, até chegar a suas coxas que aconchega minhas pernas juntas das dela e quase nunca queremos nos soltar, posso lhe dar o que eu menos queria nesse momento, vida.

Assim, posso ao menos vê-la passear do lado de outras pessoas que amasse sobre as areias ao redor, beijar no pôr do sol como fazíamos todo dia dezesseis de cada mês, em frente o azul do mar. Seria um sentindo a mais pra estar nessa imensidão, ao menos poderia vê-la, não precisaria acordar e olhar pra nossa foto no porta retrato e aceitar que nunca a veria de novo, que ela estar longe, aonde não poderei ir tão cedo. Não agüentaria a dor de apenas guardá-la comigo apenas como lembranças, sem poder fazer outras mais inesquecíveis.

Começo a desejar profundo. Desejo fundir minhas lagrimas ao mar, que as águas me levem para dentro dos sete  mares ao redor do mundo. Desejo que meu corpo se junte as areias e assim poder está em cada canto e me tornar um com as águas e as terras, e só assim manifestar o tamanho da minha paixão. Só assim para me tornar um com o todo, e acompanhá-la durante a vida que se passaras e não terminar minha vida antes da dela, pois estarei com ela até o seu ultimo dia, ai sim, me evaporarei, e desejarei me fundir as nuvens para ficar mais próximo dela. Por fim, desejarei que meu corpo, que é meu pó e as areias, se espalhem por toda parte solida que há de ter nesse mundo, assim fazendo com que cada seguimento de terra vasto nesse planeta, se torne algo melhor, se torne, um pedaço dela.

By: Andrews Fernandes
Dedicado a Leticia *--*